Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para
depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas
maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo
comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o,
abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela
coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina
para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia
orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na
rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase
puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu
amante.
CLARICE LISPECTOR
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
O trecho que mais gosto de FELICIDADE CLANDESTINA
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Olás! Como estão?! 😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊 Eu estava navegando pelo mundo sem fronteiras e... Pumbaaaa!!!!, achei uma coisa ...

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Faz tempo que não apareço, mas trago uma partilha de encantamento com as visitas que fiz em Porto Alegre, RS. Mostra sobre vida e obra de...
Tinha de ser Clarice... maravilhosa.
ResponderExcluirE eu te deixo um abraço extensivo ao Mário.