sábado, 23 de maio de 2015

Ética na Pesquisa - CBN RECIFE


FONTE: http://www.orbeplan.com.br/#!blogger-feed/c1ol 

Ética na Pesquisa


CONVIDADA: Marilucy Ferreira é Mestra em Ciência da Informação e Pesquisadora da Kurier Tecnologia


CBN: Bom dia Marilucy! Hoje vamos falar sobre ética na pesquisa. Por que esse assunto é tão importante nos dias atuais?
MF:
 Bom dia Mário, bom dia ouvintes da CBN Recife! 
Segundo dados da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) extraídos do Periódico Científico de Biologia Celular, em estudo realizado com pesquisadores de vários locais do mundo, identificou-se que 2% dos pesquisadores confessaram já ter praticado condutas antiéticas graves em pesquisa; 33% admitiram já ter praticado condutas questionáveis; 14% declararam já ter presenciado condutas antiéticas graves; e 72% afirmaram que já conviveram com situações eticamente questionáveis em seu círculo de pares.
Outro dado que chama a atenção, é que essa mesma revista científica identificou que 25% dos artigos aceitos continham dados manipulados de modo inadequado, ou seja, que favoreciam a realização de análises tendenciosas.
O que me deixa bastante intrigada (e tenho certeza que o nosso ouvinte também) é que tudo isso foi encontrado no ambiente científico, que é um ambiente rigoroso e sério por essência, quanto mais nas pesquisas fomentadas pelo segmento privado Mário? Nem tudo que escutamos de pesquisa devemos acreditar.
 
CBN: Quais são os critérios que tornam os dados de pesquisa confiáveis?
MF:
 Primeiramente, a Integridade dos dados: devemos sempre saber qual é a fonte da pesquisa que estamos acessando, por exemplo, IBOPE, IBGE, IPEA, IPC Marketing, IPSOS;
Em seguida, deve-se considerar a Imparcialidade: isto significa que a fonte que produziu as informações deve ser isenta de interesses, e não está enviesada por questões econômicas ou políticas. 
Também deve-se observar a Amostra da Pesquisa: A amostra pode ser extraída estatisticamente se baseando em locais, estações do ano, quantitativo de pessoas, gênero, entre outros critérios que consigam selecionar dados que mesmo em quantidade reduzida representam o todo que se pretende analisar.
Outro ponto crítico, é a questão do Contexto: variáveis como sexo, idade, escolaridade, cultura, religião, grau de estudo, idade... tudo isto deve ser considerado.
Vou dar um exemplo simples para facilitar o entendimento do nosso ouvinte: em uma pequena cidade, cuja maior parte da população é composta por mulheres, católicas, foi realizada uma pesquisa para saber o que seria mais importante realizar, a reforma da igreja, ou a reforma do clube noturno da cidade. O que vocês acham que elas, ou a maioria delas, iriam responder? Penso que elas iriam preferir a reforma da igreja. Isto demonstra claramente que os fatores culturais influenciam bastante no resultado.
 
CBN: É muito comum as pessoas utilizarem a expressão ‘dados cientificamente comprovados’ quando querem se referir a alguma VERDADE sobre algum fato. Podemos dizer com isto que algo que é cientificamente comprovado é de fato VERDADEIRO?
MF:
 Geralmente sim, porém deve-se considerar que é verdadeiro dentro de um contexto da pesquisa, e um recorte específico. Vale ressaltar que não há verdade absoluta, uma pesquisa sobre a aplicação de um novo medicamento pode ter um efeito na população africana e outro na população europeia. Fatores ambientais, sociais, comportamentais, tudo isto influencia nos resultados. Por isso, é muito importante não generalizar os resultados de uma pesquisa, achando que ela vai ter o mesmo efeito em todos os lugares.

4- CBN: Marilucy, sabemos que nem sempre um resultado equivocado de uma pesquisa é ocasionado por questões éticas e por manipulação tendenciosa dos dados. Você poderia falar um pouco mais sobre isso para os nossos ouvintes e trazer algum exemplo?
MF: Claro! A pesquisa é realizada por seres humanos, pessoas como eu e você, e por isso a possibilidade de erro existe e nem sempre vai ocorrer por manipulação dos dados ou falta de ética. Um exemplo disso foi o caso do Ipea, que na época (Março de 2014), gerou até a demissão do seu diretor. Toda aquela confusão ocorreu por causa de uma troca nos gráficos! Na ocasião, o estudo apontou que 65,1% dos brasileiros concordavam que "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", mas em correção, o Ipea divulgou que a porcentagem correta é de 26%. Isso repercutiu de forma negativa nas mídias e redes sociais. Mulheres fizeram campanhas com frases como “eu não mereço ser estuprada.” Este foi um erro técnico que não foi ocasionado por falta de ética ou má fé, entende? Independente do erro, o instituto se mantem como uma instituição séria e confiável, principalmente porque eles foram capazes de corrigir o erro e reconhece-lo publicamente, isso sim foi uma verdadeira lição de ética.

CBN: Marilucy, obrigado pelas suas informações, tenha um bom dia!
MF: Eu que agradeço! Quem quiser saber mais sobre esse assunto ou acessar essa entrevista, é só entrar no Blog da Orbe Consultoria: www.orbeplan.com.br. Excelente final de semana a todos!
FONTE: http://www.orbeplan.com.br/#!blogger-feed/c1ol 

Gratidão à Nathanael Sobral que me ajudou a pensar este conteúdo.

Olás!  Como estão?!  😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊😊 Eu estava navegando pelo mundo sem fronteiras e... Pumbaaaa!!!!,  achei uma coisa ...